Lunda Tchokwe

Os Tchokwe / Chokwe desfrutam de uma admirável tradição de esculpir máscaras, esculturas e outras figuras. A sua arte inventiva e dinâmica, é representativa das várias facetas inerentes a sua vida comunitária, dos seus contos míticos e dos seus preceitos filosóficos. As suas peças de arte gozam de um papel predominante em rituais culturais, representando a vida e a morte, a passagem para a fase adulta, a celebração de uma colheita nova ou ainda o início da estação de caça. O nome Tshokwe apresenta algumas variantes (Tchokwe, Chokwe, Batshioko, Cokwe) e, entre os portugueses, ficaram conhecidos por Quiocos . "Nesta pagina podemos usar qualquer variante do nome Tshokwe (acima referido)"

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quarta-feira, 30 de março de 2011

Lunda Sul


Província a este de Angola cuja capital é a cidade de Saurimo (antigamente Henrique de Carvalho). Confinada pela República Democrática do Congo (a leste) e pelas províncias de Lunda Norte (a norte), Moxico (a sul), Malanje (a oeste) e Bié (a sudoeste), a província de Lunda Sul tem uma superfície de 77 637 km2 e uma população estimada em 153 300 habitantes (2004), sendo constituída na sua maioria pelos grupos étnicos Lunda e Tshokwe (ou Quiocos).Província fortemente afetada pela guerra, surgiu geograficamente após a divisão administrativa da província de Lunda, por decreto-lei de 1978 do Conselho da Revolução. Tal como Lunda Norte, o grande potencial económico desta província encontra-se nos diamantes que proporcionam grandes receitas a nível local e nacional. Os primeiros diamantes descobertos em Angola (ribeira de Mussalala) foram registados, em novembro de 1912, por dois geólogos da empresa Forminiere. O setor dos diamantes, regulamentado pelo Programa de Estabilização do Setor dos Diamantes (PROESDA), foi controlado, durante o período colonial, pela Diamang - Companhia de Diamantes de Angola, criada em 1917. A Diamang fundou várias empresas filiais e criou diversas infraestruturas a fim de melhorar a região, tais como estradas, pontes, uma central elétrica e sistemas de abastecimento. Com a independência do país, foi criada a Empresa Nacional de Diamantes (Endiama), em 1981, e extinta a Diamang, em 1986. A industria diamantífera passou então a ser explorada pela Endiama e por várias empresas internacionais. As comercializadoras oficiais dos diamantes do país são a SODIAM - Sociedade de Comercialização de Diamantes (desde 2003) e a Ascorp - Angola Selling Corporation.Com necessidade de grandes investimentos na reabilitação da província, esta revela enorme pobreza social e grandes deficiências nas infraestruturas (vias terrestres, telecomunicações, instalações de saúde e estabelecimentos de ensino). Para além do setor diamantífero, a região tem potencialidades de desenvolvimento no setor das energias (aproveitamento hidroelétrico do rio Chicapa) e da agricultura, com a produção de arroz, mandioca, milho, batata doce e óleo alimentar.A nível cultural, tal como na Lunda Norte (outrora unidas numa só Lunda), é de destacar o artesanato do povo Tshokwe (ou Quiocos) - arte de corte refinada e poderosa, desenvolvida essencialmente através da escultura de estatuetas, máscaras, cetros, tronos de madeira e instrumentos de música.


www.infopedia.pt/$lunda-sul>.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Lunda Norte

A Lunda Norte é o resultado da divisão da então Província da Lunda, criada enquanto distrito, no final do séc. XIX, precisamente a 13 de Julho de 1895 pelo regime colonial português. A criação do distrito da Lunda esteve estritamente ligada à questão dos diamantes, recurso este que superaria a cera e a borracha que inicialmente interessavam aos portugueses nas terras de Muatianvua. Com a capital em Henrique de Carvalho, hoje Saurimo, as autoridades coloniais desenvolveram progressivamente a indústria mineira na Lunda com maior incidência no extremo nordeste da região.Embora os trabalhos de pesquisa tenham sido oficialmente criados a 4 de Setembro de 1912, com a constituição da PEMA (Companhia de Pesquisa Mineira de Angola), foi em Novembro do mesmo ano que os prospectores ligados à Forminiére descobriram sete diamantes no ribeiro Musalala, afluente da margem direita do rio Chihumbue, próximo da cidade do Dundo.Estes trabalhos evoluíram e fizeram surgir uma grande empresa de explorações mineiras, a Diamang em 1917 e depois a Endiama em 1984, respectivamente.Por razões estratégicas e político-administrativas, também ligadas a produção diamantífera, o Governo decidiu pela divisão da então Província da Lunda em duas. Assim, ao abrigo do Decreto Lei n.º 86/78 de 4 de Julho surge a Lunda-Norte repartida em 9 municípios (Chitato, Cambulo, Lucapa, C. Camulemba, Cuilo, Cuango, Lubalo, Xá-muteba e Caungula) e 25 comunas, tendo como capital a cidade de Lucapa, sendo que na altura havia a perspectiva de construção de uma nova cidade capital.Tendo o processo de construção da nova cidade capital se tornado inviável, por questões financeiras e da guerra que assolava o país. Considerando a dimensão, o traçado arquitectónico e a importância económica que a cidade do Dundo encerra, esta foi assumida como capital de facto da província da Lunda- Norte.A Lunda-Norte está limitada à norte e à Leste com a República Democrática do Congo, à oeste com a Província de Malange e a sul com a província da Lunda-Sul. Tem uma superfície de 103.760 Km2 e uma população estimada em 800 mil habitantes.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Vista Lunda Norte/Depois da Independência

Rua do ObiliscoAv. Dr. Agostinho Neto

Ponte/Rio Luachimo
Piscina do Mussungue

Piscina do Mussungue

Foto: Abdelunda/Diamang

Vista Lunda Norte/Antes da Independência

Interior/Museu do Dundo
Rua do Obilisco

Ponte/Rio Luachimo Canal Barragem Luachimo

Pesca na Barragem do LuachimoPiscina do MussungPiscina do Mussung

Av. Dr. Angostinho Neto (agora)

Foto: Diamang

quinta-feira, 24 de março de 2011

Alimentação da Lunda

Quanto a alimentação, com raras excepções o prato típico de maior realce é o xima (funge) acompanhado de carne fresca ou seca, peixe e verduras. Nas verduras o maior destaque vai para a matamba (folhas de mandioqueira) jimboa, quiabo, beringela, etc.
Os tempos variam segundo os hábitos alimentares de cada grupo ético. Existem outros acompanhantes do funge como alguns insectos: catatos (macoso, masese, masala, twelela, mazole, tucemba/tuxemba, masenda, etc), roedores selvagens, folhas e flores de algumas plantas leguminosas assim como uma grande variedade de cogumelos “ uwa” como undje, uhoko, walenda, wambamba, ucondjo, uthutha, uhololo, etc.



Povo Luba



Os lubas ocupam áreas diferentes entre o alto Kasai e o lago Tanganica no Sul da República Democrática do Congo. As suas tradições falam de Kongolo como o chefe que os conduziu até à sua actual localização no início do séc. XVI. Ao chegar, venceu vários povos e fundou o que se designa como Primeiro Império.
Kongolo foi assassinado pelo seu sobrinho Kalala Ilunga, que se impôs a todos os rivais e alargou o seu poder, nos finais do mesmo século, às comarcas do Sudoeste. Constituiu, então, o chamado Segundo Império, que, porém, caiu em desgraça logo de seguida, desintegrando-se devido às lutas no seio da dinastia, aos assassínios e aos suicídios.
O ressurgimento dos lubas aconteceu durante o séc. XVIII através do rei Ngombo, que, nas suas campanhas bélicas, conquistou as margens do rio Tanganica. Todavia, seguiu-se um novo período de lutas internas e de divisões, que foi aproveitado por outros povos para os atacar. Com a chegada dos belgas, a Confederação Luba foi desfeita no séc. XIX.

População

O reino luba era composto pelos membros deste povo por linhagem directa, pelos povos subjugados nas guerras, os quais faziam um contrato com o rei, e pelos escravos. A realeza fundava-se no conceito de hulopwe, ou seja, numa qualidade sagrada que se trazia no sangue e que se transmitia pela linha masculina. Esta qualidade concedia ao monarca um direito divino, uma autoridade absolutista e poderes sobrenaturais.
Kongolo, o primeiro rei, é venerado como um semideus. É representado sob a forma de uma serpente pitão. Os lubas crêem, ainda, num deus criador, Da, que no princípio organizou todo o universo e depois desligou-se dele. Da mostra o seu poder e a sua potencia no arco-íris.
O conjunto das famílias formava a aldeia e, por sua vez, o conjunto destas constituía uma província. Todavia, esta estrutura sólida do “império luba” dificultava a manutenção da unidade entre as diferentes famílias e, consequentemente, debilitava a consolidação da nação. O que manteve o fulgor do império foi a língua e os aspectos culturais. O idioma dos lubas estendeu-se a toda a zona meridional da República Democrática do Congo e ao norte da Zâmbia. E o estilo artístico dos lubas influenciou outros povos que tiveram contacto com eles.
O poder político luba dependia da condição do rei. Se este mantinha o prestígio, os povos subjugados pagavam o tributo. Se, pelo contrário, a boa fama dele se debilitava, os povos lançavam-se na conquista da sua autonomia.
Em 1960, quando o Congo conseguiu a independência da Bélgica, o povo luba é confrontado com os movimentos internos também independentistas de Katanguenha e, sobretudo, de Kasai, em que o dirigente político Kalondji se autoproclamou imperador dos lubas. Estes dois movimentos foram anulados pela intervenção dos “capacetes-azuis” da ONU.


Artistas do cinzel
Os lubas são classificados como os mais hábeis mestres do cinzel. Eles esculpem uma das artes mais belas e harmoniosas de África. O seu sentido inato de estética não se circunscreve só ao mundo dos artistas e ao círculo dos cortesãos e nobres, mas a todas as categorias sociais. Trabalham basicamente a madeira e o tema preferido é a mulher, cujo rosto, traçado de forma suave, fluida e proporcionada, evoca um naturalismo idealizado.

Fonte: audacia.org/cgi-bin/quickregister






terça-feira, 22 de março de 2011

Mwana Pwo

A Máscara Mwana Pwo é originária do grupo etnolinguístico Cokwe. Ela simboliza a mulher ou rapariga, sobretudo esta que floresce e garante a procriação, em suma a continuidade da sociedade na qual está inserida. Sob o ponto de vista da Cultura Cokwe, ela encarna a ancestralidade feminina.
A Máscara Mwana Pwo é exibida nas manifestações culturais, danças tradicionais do grupo étnico Cokwe, nas grandes manifestações culturais entre as quais a mukanda (circuncisão masculina). É feita em madeira esculpida nalguns casos pode ser feita de resina (raras vezes). Portanto, os homens que a usam, usam seis postiços e uma tira de pano que as cobre-o muya wa ciyanda (cito de ciyanda), tudo para simbolizar a mulher que tem e exerce um papel de destaque na sociedade Cokwe.
A mascara Mwanapwo é uma mascara viva, integrada na comunidade, faz-se presente em ocasiões especiais para educar, proteger e guiar os membros da sociedade Cokwe. Tal como nos referimos nos pontos anteriores, ela esta associada as cerimonias rituais de iniciação masculina ou Mucanda, onde desempenha um papel preponderante, a única mascara feminina da grande hierarquia das mascaras Cokwe é um intermediário entre os jovens iniciados ou tundanje (singular do Candaje) e as suas mães, das quais são separados por longos períodos. Na aldeia Mwanapwo apresenta-se dançando no terreiro, para entretenimento de toda a comunidade que celebra esta passagem.
Depositários da memória colectiva, aqueles mascarados que vivem na profissão de bailarinos, realizam exibições itinerantes pelas povoações vizinhas, ajudando a cantar a história do seu povo.
Fazendo parte do grupo das mascaras de dança Akixi a Kuhangana- durante a sua exibição, Mwanapwo da vida as noções espirituais de grande significância. O seu rosto, sabiamente talhado por um mestre dentro dos padrões estéticos da escultura Cokwe, é sempre a revitação de um rosto de Mulher por ele eleito, dada a beleza dos seus traços. Nesses rostos o escultor inscreve uma complexa representação de significados e simbolismo ligados a fecundidade, ao género e ao cosmos no nariz o traço Kacongo, sob os olhos e lágrimas ou masoxi, nas faces as marcas circulares lumba, no queixo a tatuagem mipila e na testa o motivo cruciforme que a distingue, ou cingelengele. Dançando de forma peculiar onde deve imperar a contenção e a elegância, executa pequenos movimentos, enfatizados na zona da cintura pelo uso do ‘'Cinto'' de dança Muaya wa cyanda.
A Mwanapwo cabe perpetuar as qualidades femininas consideradas pelos Tucokwe; a fertilidade, a beleza, a força da juventude e a delicadeza nas atitudes.
A sua dança afastada dos modelos convencionais do espectáculo teatral onde a coreografia é pré-estabelecida e as performances são ensaiadas, constitui uma forma de expressão e comunicação em renovação permanente que conjuga elementos infra-estruturais da vida social do grupo.
Por oposição, os passos são rigorosamente aprendidos e definidos para esta mascara. Um código privado inclui tudo o que se produz no domínio da improvisação o que correspondendo a momentos de criatividade pessoal do bailarino, torna esta gestualidade inacessível ou difícil de interpretar por indivíduos ou outros grupos culturais.
Mas as Mulheres Cokwe conhecem bem cada uma das alternativa de interpretação daquele gestual. As técnicas e os segredos inerentes as danças de mascarados são uma das áreas de conhecimento reveladas na Mucanda pelo que, este saber é absolutamente vedado as mulheres.
Assim se explica que dentro da mascara cujo uso é interdito ao sexo feminino, um homem iniciado de estatuto secreto e identidade desconhecida lhe de a alma e a forma humana que a torna inteligível para o mundo terrestre. Este desempenho masculino é, no entanto, aceite pelas mulheres Cokwe, que o reconhecem como uma homenagem ao seu papel primordial dentro da sociedade. Contudo, a actuação destes mascarados não as deve desapontar, o que pressupõe a obrigatoriedade de uma representação de modelo feminino correspondente as suas expectativas.
Deste modo, é frequente verem-se estes bailarinos profissionais dançar junto das mulheres, para com elas aprenderem os movimentos exactos, embora numa relação recíproca, essa mascara deve ser para as próprias mulheres o exemplo das regras e formas de comportamento social a seguir. Ao contrário do que acontece relativamente a quase totalidade dos mascarados, que as afugentam, as mulheres podem, portanto, aproximarem-se e interagir com o Mwanapwo.
Apesar dos grandes desequilíbrios provocados na sociedade Cokwe pelo contexto de guerra vivido no país, os mascarados continuam a fazer-se presentes agora, em tempos de paz, para partilhar a sabedoria ancestral com as novas gerações. Continuando a formar parte integral da visão que os Tucokwe tem do mundo, Mwanapwo integra, na sua forma e na sua essência, o grupo dos Akixi, que contribuem para a perpetuação das diligências sociais e culturais de transmissão de conhecimento colectivo para a negociação das grandes preocupações e aspirações humanas.
Validade apenas quando alguém a usa pois só o binómio mascara-bailarino é portador dessas forças "sobre-humanas" – Mwanapwo pode ser apreciada numa perspectiva de riqueza e complexidade artísticas, mais sem nunca as dissociar da sua capacidade para articular novas ideias, normas e valores.
Através dela se celebra a esposa, a irmã, a mãe e se declara a autoridade da mulher na sociedade Cokwe, talvez ainda numa remota homenagem a rainha Lweji.

Chimbinda Ilunga

No final do século XVI, chefes Luba da dinastia Ilunga começaram uma campanha de exploração, descoberta e conquista, que foi destinada a criar a unificação cultural do que é hoje o sudeste da República Democrática do Congo, do norte e dentro de Angola e centro e centro-oeste da Zâmbia.A partir do leste das terras dos Lubas, os Ilungas expandiram o seu domínio no Katanga e Kasai no que são hoje as províncias do sul daRepública Democrática do Congo (ex-Zaire).Konde, um dos primeiros líderes da Lunda, teve dois filhos, Chinguli e Chiniama, e uma filha, Lueji. Quando os filhos insultaram o pai, Konde deserdou-os, afirmando que Lueji iria sucedê-lo. E quando ele morreu, os irmãos apresentaram Lueji à autoridade. Lueji dizia ser a neta de Chinawezi, uma serpente cósmica primordial.

Um dia, foi avistado um importante membro do reino de Lueji, que com alguns homens cortavam um antílope. Eles falavam uma língua que não era familiar. A pessoa que comandava, Chibinda Ilunga, um jovem bonito, apresentou-se como um caçador e pisteiro a Lweji, uma rainha Lunda. Foi assim que se expandiu a linhagem Ilunga.Os Chokwe do que é hoje o centro norte de Angola eram, então, súbditos do Lunda.Por volta de 1650, o governante mwaant Yaav Naweej estabeleceu rotas de comércio da sua capital para a costa atlântica e iniciou o contacto directo com os comerciantes europeus ávidos por escravos e produtos florestais. No final do século XVII, os postos Lunda no atual leste de Angola controlavam o comércio regional de cobre, e os povoados em torno do lago Mweru dominavam o comércio a partir da costa Leste Africana.Em meados do século XIX, os Chokwe separaram-se dos Lunda, e a cultura Chokwe, incluindo Chibunda, a revitalização da propagação da realeza sagrada Ilunga entre os vizinhos povos Mbundu, Lwena, Inbangala, Luchazi e Luvale. Esses povos puseram-se em marcha e encontraram santuário na Zâmbia.

Máscaras Tshokwe

Mukishi a ku Mucanda
Mwana Pwo(para as mulheres)
Cihongo (Para Homens)
Cihongo
Cihongo

Cihongo

Relativamente às máscaras, há três grandes tipos de máscaras: o primeiro tipo, designado por Cikungu ou mukishi wa mwanangana, corresponde à máscara sacrificial sagrada e representa os antepassados do chefe tribal; o segundo tipo denomina-se mukishi a ku mukanda e equivale às máscaras da mucanda, das quais são exemplo a Cikunza e a Kalelwa que, depois do ritual, são queimadas; finalmente, o terceiro tipo, designado mukishi a kuhangana, corresponde às máscaras de dança - as mais conhecidas e as mais frequentes em museus e coleções privadas - sendo as máscaras Cihongo (para os homens) e Pwo (para as mulheres) os modelos principais. Salienta-se que a palavra mukishi (plural de akishi) indica que um espírito ancestral ou da natureza encarna na máscara. O mascarado não é identificável, pois está encoberto com a máscara e com um fato feito de fitas entrelaçadas que lhe cobre as mãos e os pés. Segundo a tradição dos Tshokwe, aquele que põe a máscara perde as suas qualidades humanas e incorpora o espírito.Este povo desenvolveu também uma arte de corte refinada e poderosa, sobretudo, através da escultura de estátuas, cetros, tronos, instrumentos de música, entre outros. De destacar a famosa estatueta do Pensador ou Velho (Kalamba Kulu), que se tornou um símbolo de Angola.

Tshokwe



Povo do Nordeste de Angola (províncias de Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico), do Noroeste da Zâmbia e do Sudoeste da República Democrática do Congo (Katanga, Kasaï, alto Kwango), estimado em 1 000 000 de indivíduos. O nome Tshokwe apresenta algumas variantes (Tchokwe, Chokwe, Batshioko) e, entre os portugueses, ficaram conhecidos por Quiocos. De origem Banto, a etnia Tshokwe, matrilinear, patrilocal e falante do idioma utshokwe, estava sob a autoridade política, legal e religiosa de um chefe tribal, o mwanangana, que reinava com o apoio dos seus antepassados aos quais prestava culto.Os Tshokwe viviam na Serra de Muzamba, a norte de Angola, quando foram invadidos, no final do século XV, pelos Lunda. A partir de 1830, conseguiram libertar-se do poderio dos invasores e empreenderam uma enorme expansão com o apoio de armas e de tráfico, essencialmente, de marfim, escravos e cera. A expansão dos Tshokwe atingiu o seu auge social e cultural durante os séculos XVIII e XIX, chegando a apoderar-se da capital dos Lunda, em 1887. Posteriormente, enfraquecidos pelas doenças e submetidos ao domínio dos portugueses e dos belgas, os Tshokwe procuraram salvaguardar a sua autonomia, migrando para leste e tornando-se semi-nómadas. Dos principais cultos e cerimónias culturais destacam-se mahamba, ukule e mucanda.

Mahamba


Quanto à mahamba (plural de hamba), esta trata do culto aos espíritos tutelares (espíritos ancestrais ou da natureza) que estão representados por estatuetas, árvores, pedaços de termiteiras e máscaras. Para garantir a proteção diária ou apaziguar um espírito, são realizadas ofertas, sacrifícios e orações. Se algum hamba estiver zangado, pode provocar doenças ou prejuízos no transgressor, como infertilidade nas mulheres e azar na caça feita pelos homens.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Cesto de Advinhação

Práticas de adivinhação são métodos de lidar com o desconhecido, usando poderes espirituais. Os sinais e símbolos utilizados são considerados elementos de comunicação directa com o reino dos espíritos. Entre os Chokwe, a prática de adivinhação ocupa um lugar dominante em suas vidas, através do qual buscam-se formas de entendimento e orientação para lidar com situações de morte, doença, mudança, acidente e até mesmo na tomada de decisões. O cesto de adivinhação, constitui um dos métodos mais comuns de adivinhação praticado na comunidade Chokwe. A cesta contém variadíssimos objectos simbólicos representativos de possíveis problemas e situações sociais do universo Chokwe.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Ukule

Relativamente à ukule, que consiste num ritual de iniciação feminina, realiza-se aquando da primeira menstruação (ukule) da adolescente. Esta cerimónia é constituída por várias etapas durante as quais a jovem (kafundeji) aprende uma dança do ventre (apreciada pelos Tshokwe e que antecipa as relações sexuais), recebe instruções sobre o acasalamento, é pintada com tatuagens púbicas (mikonda) para fins eróticos e, juntamente, com o seu futuro noivo, procede a diversos rituais que culminam na consumação do casamento dos dois jovens.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mucanda

No que respeita à mucanda, que se efetua durante a puberdade, trata-se dum ritual de iniciação masculina durante o qual as crianças são circuncidadas. Mucanda designa o campo cercado com palhotas redondas, no qual os iniciados, tundandji (plural de kandandji), vivem afastados das suas famílias por um período de um a dois anos. A iniciativa de um ritual mucanda é tomada pelo chefe da aldeia. A máscara kalelwa marca o início e o fim do ritual e proíbe severamente a aproximação de mulheres à mucanda. Durante o retiro, os iniciados aprendem os procedimentos das cerimónias de culto, fazem máscaras para os rituais e exercitam diferentes tipos de dança, que serão executadas diante da comunidade a fim de mostrarem o seu talento como dançarinos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Sucessor do Chefe

A sucessão do chefe pode ser obtida por herança ou por escolha se, respectivamente, for caso de morte ou se o chefe for deposto por incompetência ou demasiado despotismo. Mas, ao contrário da sua vizinha etnia Luena e de outras etnias bantu, entre os Tutchokwe e Lundas, geralmente, a chefia não é entregue a indivíduos do sexo feminino.
Uma etnia ou clã Lunda ou Tchokwe jamais será governado por uma mulher, salvo circunstâncias muito especiais, como por exemplo se não houver varões em toda a família ou, havendo-os, estes sejam declarados incompetentes, física e mentalmente, para governar. Há ainda transmissão do poder por testamento se, à hora da morte, o chefe designar uma sua filha ou sobrinha para chefe ou rainha do seu povo.
A vontade do morto é religiosamente e prontamente cumprida.
Se o herdeiro for criança e não houver tio materno, a chefia poderá ser entregue, com o título de regência, à tia ou à mãe do futuro chefe, até que este atinja a maioridade. Não haverá cerimónia na sua investidura, visto não lhe ser imposto o “lukano”, no braço direito se for varão ou no esquerdo se for fêmea. A regente ou o regente, apenas será o guarda fiel do “lukano”. O “lukano” pode, também, estar à guarda da irmã mais velha do chefe ou de um “tcxhilolo” investido, para tanto, de funções especiais.
Ao contrário dos Lundas, cujo filho primogénito é o futuro herdeiro e, só na falta deste, seria o sobrinho, os Tutchokwe não herdam dos pais, mas sim dos tios maternos. Só consideram de sangue real os filhos das irmãs do lado colateral uterino. Assim, o primeiro sobrinho, filho da irmã mais velha do chefe, é herdeiro da chefia e do “lukano”, caso tenha competência para isso, pois esta é a condição sine quan non para que o futuro chefe seja eleito pelo povo.
Escolha ou eleição do sucessor
Normalmente, a escolha do sucessor do chefe falecido era sempre feita antes de se proceder ao enterro do finado, isto porque era ao novo chefe que competia escolher o local da nova aldeia que iria ser construída sob a égide dele.
Só em casos extraordinários da escolha ou eleição do verdadeiro herdeiro é que o chefe seria enterrado antes da escolha do sucessor. Neste caso, seria nomeado um regente até poder ser escolhido ou eleito um novo chefe. Mas como a regra geral é ser o sobrinho mais velho, filho da irmã mais velha do falecido, o herdeiro do património e da chefia será, em princípio, o citado sobrinho, se for capaz de ocupar o lugar do chefe defunto.
Escolhido ou eleito o novo chefe, será a ele que compete mandar proceder às cerimónias do enterro do antigo chefe, depois de já ter escolhido o local da nova aldeia, que começa logo a ser construída, ainda antes do enterro do falecido chefe.
Instalação ou entronização do sucessor
Após o enterro do chefe, ninguém mais dormirá na antiga aldeia. Assim, nesse dia, todos os habitantes se mudam para as “ikurita” (plural de Tchikurita) que significa cabanas ou palhotas de emergência por morte do chefe, previamente construídas, a algumas centenas de metros ou mais, do antigo povoado, depois do futuro chefe já ter escolhido o local da nova aldeia, que será onde encontrar uma árvore de que goste e à qual se abraça dizendo: Encontrei.
No mesmo dia em que algum caçador da aldeia chega ao povoado com uma peça de caça, vai entregá-la ao herdeiro eleito para a chefia. Em troca, e acto contínuo, o futuro chefe dar-lhe-á uma carga de pólvora e far-lhe-á riscos com “mukundu” (argila encarnada que significa a morte, o mal, a injustiça, o sangue)) na espingarda do caçador, para que este continue a ter sorte nas caçadas.
Entretanto, para que o futuro chefe possa levar a “lukossa” para sua casa, terá que regá-la com sangue de qualquer ave. Feito isto, depõe-na junto dos seus ídolos que estão na “tchipanga” (pequena paliçada com cerca de dois metros de diâmetro, reservada aos ídolos tutelares), perto da sua casa, na nova aldeia.
Feito isto, o novo chefe leva o animal que o caçador matou, junto dos seus ídolos e da “lukossa” e lança-o ao chão como oferta. Dentro desta paliçada estão todos os seus ídolos, incluindo a “Naiangu” (ídolo de nobreza) sobre o qual é colocada a “lukossa”, que depois é regada com o sangue do animal sacrificado. O fígado do animal é picado aos bocados e depositado aos pés do ídolo. Tanto o sangue como o fígado são espalhados, também, por outros ídolos, incluindo o “Mulumi” ou “Munengue” (árvore plantada de estaca que marcará o início e toda a existência da aldeia).
O animal é, então, esquartejado e todos os órgãos internos deste, depois de cozinhados, devem ser comidos pelo novo chefe. A restante carne será distribuída e comida por toda a gente para que a nova aldeia seja abençoada por todos os espíritos dos antepassados da etnia.
Finda a refeição, o novo chefe vai, imediatamente, ku funda pemba, o que, figuradamente, designa ter relações sexuais com sua primeira mulher e, literalmente, significa fazer riscos com pemba. O chefe deve ser o primeiro ku funda pemba pois, de contrário, poderia morrer se outro casal o fizesse primeiramente. Neste caso, o espírito do chefe morto não ficaria satisfeito, castigando, com a morte, o novo chefe, suas mulheres e o casal delinquente.
No dia seguinte, toda a gente da aldeia reúne, junto da tchipanga dos ídolos, a fim de receber a pemba do seu novo chefe. Este, então, em atitude solene, entra no recinto dos ídolos tutelares e, pegando num bocado de pemba, vai fazendo um risco no braço direito de todos os homens que, um a um, dele se acercam. Os primeiros são sempre os mais idosos e de cabelos brancos. Às mulheres faz um risco junto do umbigo, para que sejam fecundas, e às crianças que elas trazem ao colo, na testa, para que elas sejam saudáveis e fortes. A pemba é um preventivo contra os espíritos malignos, bem como contra o espírito do chefe finado, e ainda uma protecção contra a doença e todos os perigos.
Finda esta cerimónia, o chefe pega na lukossa, mete-a no braço e baixando-se, põe as palmas das mãos na terra, que passa a ser sua, esfregando com ela o peito para que lhe seja propícia, batendo as palmas em seguida. Esta cerimónia é repetida por toda a gente da aldeia. Nessa mesma noite, todos os casais da aldeia devem ter relações sexuais que, desde a morte do seu antigo chefe, a todos eram vedadas. Se a nova aldeia já estiver construída, toda a gente passará a viver nela, a partir daquele dia, enquanto aquele chefe existir, se entretanto não for ordenada qualquer mudança.’’’’

Morte de um chefe Tchokwe

’logo que um chefe morre, é-lhe retirada a “lukosa” (pulseira de metal), que representa o “lukano”, sendo colocada numa panela de barro, juntamente com “pemba” para que esta última, que simboliza a vida, dê saúde e vida ao sucessor do chefe defunto.
A “lukosa” deve ser tirada por um homem ou, então, pela mulher mais velha da aldeia, onde ficará, até que algum caçador abata qualquer animal selvagem.
Entretanto, para que o futuro chefe possa trazer a “lukosa” para sua casa, terá que regá-la com o sangue de qualquer ave. Feito isto, coloca-a junto dos seus ídolos que estão na “tchipanga”, perto da casa, na nova aldeia.
O falecido chefe nunca é enterrado senão passados pelo menos três dias depois da sua morte, para que toda a gente da aldeia possa assistir e chorar o óbito.
Além da “lukosa”, os chefes podem usar outros distintivos que simbolizam a sua dignidade como o “tchimba” (medalha feita de osso, de marfim ou imitações destas feitas em porcelana), o “mukuali” (espécie de gládio de duplo gume), suspenso ao pescoço ou ao ombro por uma tira de pele de lontra ou de qualquer outro animal. Esta arma pode tê-la herdado ou ser-lhe oferecida pelo chefe supremo da etnia, no dia da investidura; o gládio simboliza, assim, a transmissão de todos os poderes sobre os territórios governados pelo chefe eleito.
Os chefes lundas exibem ainda os seus gorros ornamentados com caurins e missangas que o chefe supremo “Mwatianwua” lhes oferece, em troca dos “milambos” (tributos) ou de qualquer serviço prestado.’’’’

sexta-feira, 11 de março de 2011